A Terra do ouro
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“Um certo Honório que acompanhava uma bandeira paulista, encontrou uns granitos amarelados no Cerro Tripuí, que vendeu depois em Taubaté a preço irrisório, sem saber o que havia encontrado. Mandaram umas amostras para o governador do Rio de Janeiro e verificou-se que era ouro puríssimo.” Padre Antonil - Cultura e Opulência do Brasil.

A descoberta das lavras de ouro nas Minas Gerais, no final do século XVII e início do século XVIII, seguidas dos achados em Jacobina e no Rio das Contas na Bahia, nos de Forquilha e Sutil no Mato Grosso, e o que se extraiu no sertão de Guaiás em Goiás, foi o acontecimento mais espetacular da história econômica do Brasil colonial. Desde os primórdios da colonização, acreditava-se que o Brasil tinha ouro e outros metais e pedras preciosas. Só que, passados dois séculos de ocupação, não haviam sido encontrados em volume significativo.
Lentamente, a economia colonial abandonou sua predominância extrativista e coletora dos primeiros tempos e do tráfico com pau-brasil para uma exploração mais racional e estável, graças à implantação dos engenhos de açúcar e das lavouras de tabaco que se espalharam por todo o litoral do Nordeste.
Num contexto de limitado progresso econômico - os portugueses começavam a enfrentar a concorrência da produção colonial dos holandeses, franceses e ingleses, que implantaram engenhos açucareiros nas Antilhas - a Coroa passou a pressionar seus funcionários e demais habitantes no sentido de estimulá-los, particularmente os paulistas, a desbravarem o sertão em busca do precioso ouro.
Uma data importante foi a emissão da Carta Régia de 27 de janeiro de 1697, que enviava uma ajuda de custos de 600$000/ano (seiscentos mil réis por ano) ao governador para auxiliar nas buscas. Dar-se-iam aos paulistas beneméritos “as mesmas honras, e mercês de hábitos, e foros de fidalgos da Casa”, desde que encontrassem e explorassem as lavras auríferas. Finalmente em 1º de março de 1697 o agitado governador do Rio de Janeiro, Castro Caldas remetia ao rei o resultado das últimas façanhas dos paulistas que haviam encontrado nos sertões de Taubaté “ouro em quantidade e da melhor qualidade”.

"De seu calmo esconderijo,
O ouro vem, dócil e ingênuo;
torna-se pó, folha, barra,
prestígio, poder, engenho...
Borda flores nos vestidos,
sobe a opulentos altares,
traça palácios e pontes,
eleva os homens audazes,
e acende paixões que alastram
sinistras rivalidades."
Cecília Meirelles - Romanceiro da Inconfidência
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